ANASO emite nota sobre a suspensão do Censo 2021

No primeiro semestre de 2019, o primeiro ano de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro já havia reduzido a verba para o IBGE em 2020, o que contribuiu para o cancelamento do Censo naquele ano.

Ainda em 2019, o governo iniciou uma série de ataques às instituições de pesquisa e de produção de conhecimento. Uma das vítimas foi o IBGE, que teve o orçamento do Censo 2020 reduzido para R$ 2,3 bilhões.Para realizar uma edição com abrangência similar às anteriores, o IBGE precisava de R$ 3,4 bilhões. 

A aprovação do Orçamento de 2021 pelo Congresso Nacional em 21 de março, deu o "tiro de misericórdia" na instituição e reduziu em aproximadamente 96% o total de recursos destinados à realização do Censo Demográfico, operação feita pelo IBGE.

Diante dessa realidade o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, nessa terça-feira (6), que as provas para Agente Censitário Supervisor (ACS) (edital 01/2021) e Recenseador, previstas para os dias 18 e 25 de abril, estão suspensas, sem a estimativa de novas datas. 

Preocupada com o enorme prejuízo que a não realização do Censo irá causar ao Brasil, a classe dos profissionais de sociologia através  da Associação Nacional de Sociólogos e Sociólogas - ANASO, emitiu uma nota oficial, que publicamos na íntegra:

"NOTA CENSO DEMOGRÁFICO IBGE

Nós sociólog(a)s, assim como a comunidade científica brasileira demonstramos grande apreensão em torno do corte profundo no orçamento do IBGE.  A magnitude desse corte orçamentário, não só inviabiliza a realização do Censo como sinaliza o sucateamento da instituição.  Desse modo, nos posicionamos contrários a tentativas de sucateamento dessa importante instituição de pesquisa.  
O censo demográfico é extremamente importante para que possamos conhecer a realidade do país e para que os poderes públicos locais tenham subsídios no sentido de implementação de políticas públicas.  Importante destacar que muitas informações de caráter sociodemográficas só estão disponíveis, em âmbito dos municípios, a partir da realização do Censo Demográfico.
Por outro lado, os trabalhadores da instituição, representados pela organização sindical ASSIBGE, já sinalizavam, desde o agravamento da pandemia, que a o Censo Demográfico deveria acontecer desde que existissem condições sanitárias seguras.  Ou seja, a realização nesse contexto de pandemia poderia expor trabalhadores e a população alvo da pesquisa.  Dessa maneira, já havia uma defesa para que a realização ocorresse em 2022.  No entanto, surge a grande preocupação com o corte no orçamento.  Ressalte-se que houve uma redução no tamanho do questionário (em comparação com o censo 2010), em função de limitações de recursos.
Desse modo, nos colocamos na defesa da realização do Censo Demográfico em 2022 com a devida segurança e, paralelamente, que o orçamento da instituição seja preservado no sentido da continuidade da realização de estudos e pesquisas fundamentais para o conhecimento da realidade brasileira.

Diretoria da ANASO
Presidente, Ricardo Antunes de Abreu"